terça-feira, 1 de dezembro de 2015

OS SOBREIROS SONHAM


Os sobreiros sonham
sonhos desvairados
que só os pastores
e as pedras suspeitam.

Sonham que são livres
e vão pelo mundo,
com raízes de água
e cabelos soltos.

No céu por lavrar,
as nuvens são cardos
e o sol um milhafre
que esvazia os olhos.

Dos sonhos só resta
a angustia que os ousa.
A angustia é concreta.
Os sonhos são sombras.

Seguros à terra
com garras de bronze,
os sobreiros sonham
impossíveis rumos.

in, Obra Poética, vol.III - Armindo Rodrigues (1904-1993)

Nota: Este poema foi-nos oferecido pelo Eng.º Henrique Pereira, aquando da nossa visita ao Parque Natural do Alvão, no Dia da Floresta Autóctone.



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